Egberto Gismonti Amin nasceu no Carmo, região serrana fluminense, em 1947. De família musical, aos seis anos de idade já estudava piano, acrescentando em seguida, ao longo da infância e adolescência, flauta, clarinete e violão. Em 1968, vai para a França estudar música dodecafônica com Jean Barraqué e análise musical com Nadia Boulanger. Estudou também com o compostior italiano Luigi Dallapiccola.
Depois de um primeiro disco, Egberto Gismonti (1969), sob forte influência da bossa nova, o inquieto e experimental compositor serrano dedicou-se, ao longo dos anos 1970, a pesquisas musicais com estruturas complexas e instrumentos inusitados, voltando-se fortemente para a música instrumental, cujos resultados foram lançados mundialmente por selos europeus em álbuns que traziam o choro brasileiro, o violão de oito cordas, a tecnologia então recente dos sintetizadores, temas folclóricos indígenas e o que mais projetasse como caminho musical. Sua discografia reúne, até aqui, 54 títulos.
Assim segue, na maturidade de um talento excepcional que faz com que muitos, mundo afora e Brasil adentro, o reconheçam como o mais próximo sucessor do maestro brasileiro Heitor Villa-Lobos. Compositor, arranjador, cantor, Egberto Gismonti assombra por seu virtuosismo como multiinstrumentista, alguns instrumentos dos quais ele mesmo criou ou adaptou a partir de sua vocação sem limites para a expererimentação.
Martinho José Ferreira (1935), natural de Duas Barras, chegou ao Rio de Janeiro com quatro anos de idade. A carreira artística começou no III Festival da Record, em 1967, quando concorreu com a música "Menina Moça". Na quarta edição do mesmo festival, o primeiro sucesso: "Casa de Bamba", um dos clássicos do cantor e compositor conhecido como Martinho da Vila.
O primeiro álbum, Martinho da Vila (1969), além da consagrada Casa de Bamba, trazia outros futuros grandes clássicos do seu cancioneiro como O Pequeno Burguês, Quem é do mar não enjoa e Prá que dinheiro. Um dos maiores vendedores de disco no Brasil, em 1995 ultrapassou a marca de um milhão de cópias com o CD Tá Delícia, Tá Gostoso.
Sua colaboração com a Unidos de Vila Isabel, escola de samba do coração, inicia-se em 1965, logo chegando à avenida com sambas antológicos como Iaiá do Cais Dourado (1969). Assinou também outros sambas de enredo de destaque como Sonho de um Sonho (1980), baseado em poema de Carlos Drummond de Andrade, e o emblemático Kizomba: Festa da Raça (1988), responsável também pelo enredo, quando a escola comemorou os cem anos de abolição da escravidão no Brasil e arrebatou a avenida e o título de campeã.
Em quarenta e quatro anos de carreira, o cantor, compositor, escritor e grande vascaíno Martinho da Vila gravou 48 discos e escreveu nove livros, entre romances, aventuras infanto-juvenis e relatos autobiográficos, além de levar ao delírio a Marquês de Sapucaí em memoráveis desfiles da azul e branco do bairro de Nöel Rosa.
Natural de Cantagalo, Euclides Rodrigues da Cunha (1866-1909), foi um engenheiro, escritor, geógrafo, historiador, jornalista, poeta e sociólogo brasileiro, considerado um dos grandes intérpretes da história e da formação do Brasil, por sua obra máxima, Os Sertões (1902).
Escrito em cinco anos, o livro é o resultado de seus apontamentos e artigos como correspondente de guerra do diário O Estado de São Paulo na Campanha de Canudos (1897), no nordeste da Bahia, onde a República, recém-fundada, vislumbrou no líder beato Antonio Conselheiro um possível agente restaurador da monarquia. A obra rendeu-lhe assento na Academia Brasileira de Letras (1903) e no Instituo Histórico e Geográfico Brasileiro, além de fama internacional.
À Margem da História e Peru versus Bolívia são outros dois ensaios euclideanos baseados na sua experiência como chefe da comissão mista brasileiro-peruana para o reconhecimento do Alto Purus e outras questões de demarcação de limites territoriais onde atuou, no norte do Brasil.
A vida do grande engenheiro e escritor teve um desfecho trágico que comoveu a capital federal, em 1909, quando foi morto pelo amante de sua esposa, Anna de Assis, em legítima defesa. Contado e recontado pela literatura e os relatos jornalísticos da época, o episódio permanece em aberto no imaginário brasileiro, sujeito a diferentes interpretações e pontos de vista.
Filho de uma ex-escrava de nome Noêmia e do relojoeiro Eduardo Bens, Agenor Bens iniciou-se na flauta ainda em Cordeiro, sua cidade natal, parte rural da região serrana fluminense. Os estudos prosseguiram na Escola Nacional de Música (hoje Escola de Música da UFRJ), no Rio de Janeiro. Formado com louvor, saiu em excursão pela França e, no retorno ao país, foi contratado como professor da sua antiga escola.
Apresentou-se como solista de diversas orquestras cariocas e gravou dezenas de discos de 78 rotações pela Casa Edson e outras gravadoras, nos primórdios da indústria fonográfica no Brasil.
Amigo do jovem Heitor Villa-Lobos, Agenor Bens participou de sua estreia mundial como compositor, que aconteceu no Theatro Dona Eugênia, em janeiro de 1915, em Nova Friburgo. O trio completava-se com Lucila, esposa do maestro ao piano, e o próprio ao violoncelo.
Nascimento — em fins dos anos 1880 ― e falecimento, na década de 1950, são duas imprecisões biográficas que marcam as informações a seu respeito, mas dúvida alguma parece haver com relação ao fato de ter sido considerado o maior flautista brasileiro de todos os tempos pelos grandes de sua época, entre eles o maestro Guerra Peixe. Em Cordeiro, o Instituto Agenor Bens dedica-se à preservação de seu acervo e à divulgação de sua obra.
Carmelita Madriaga, aos quinze anos de idade, era empregada doméstica do cantor Francisco Alves (1898-1952), que em uma festa em sua casa fê-la cantar para os convidados, entre os quais Carmen Miranda. E assim teve início a carreira de Carmen Costa, natural do município de Trajano de Moraes, zona rural da região serrana fluminense, onde nasceu em 1920.
O próximo passo foi sair-se vencedora no programa de calouros de Ary Barroso (1903-1962), da Radio Nacional, e o primeiro sucesso veio com Está chegando a hora, versão de Rubens Campos para o clássico mexicano Cielito Lindo.
Em 1945, casada com o americano Hans Van Koehler, passou uma temporada em Los Angeles. De volta ao Brasil, conheceu o compositor Mirabeau, com quem viveu um longo romance e teve sua única filha, Silésia. Foram vários os sucessos de Carmen com as composições de Mirabeau, destaque para a marcha Cachaça, do verso "você pensa que cachaça é água...", de eterna popularidade no carnaval. Nessa época, Ricardo Galeno compôs Eu sou a outra, cuja letra célebre – "ele é casado, eu sou a outra na vida dele..." – parecia retratar seu drama pessoal. Sucesso imediato.
Nos anos 1940-1950, ainda, a cantora participou de algumas películas, Pra Lá de Boa (1949), de Luiz de Barros, Carnaval em Marte (1955), de Watson Macedo , Depois eu Conto (1956), de José Carlos Burle e Watson Macedo, e Vou Te Contá (1958), de Alfredo Palácios. Todas produções onde se reuniam os grandes cantores da época em números musicais que atraiam o público para as salas de cinema. Em 1962, participou do histórico concerto da bossa nova no Carnegie Hall, em Nova Iorque, que introduziu o gênero na América.
Carmen Costa faleceu em 2007, aos 87 anos, no Rio de Janeiro.
Dolores Gonçalves Costa nasceu em Santa Maria Madalena a 23 de junho de 1907 e faleceu no Rio de janeiro a 19 de julho de 2008. Nascida de fato no ano de 1905 (e registrada tardiamente, como era comum no meio rural da época), a cantora e grande comediante, Dercy Gonçalves, como ficou conhecida, foi a mais longeva atriz em atividade no século XX, segundo o inglês Guiness Book, em seus 86 anos de carreira, oriunda do teatro de revista brasileiro.
Depois de um começo dificil no circo, ao fugir de casa em companhia de uma trupe itinerante, e de outras peripécias de uma vida marcada por grande dramaticidade (pai alcóolatra, abandonada pela mãe e pelo pai de sua única filha), Dercy chegou ao teatro de revista brasileiro no seu período áureo, os anos 1930-1940, como estrela da companhia do empresário Walter Pinto, a principal da então capital federal.
Nos anos 1950-1960 estrelou grandes produções da chanchada nacional. Em 1963, como a atriz mais bem paga da TV Excelsior, conheceu o jovem executivo José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, a quem posteriormente convenceu a ir trabalhar na Rede Globo de Televisão, onde ela já se encontrava, ao lado de Walter Clark.
Dercy de Verdade (1966-1969) foi um programa de auditório de grande sucesso, transmitido pela Rede Globo, que saiu do ar com o recrudescimento da censura no país. De volta ao teatro, suas apresentações país afora conquistavam um público moralista que se deliciava com seu ar desbocado e uma maneira livre e provocadora de interpretar a realidade, sempre à base de muito humor. Nesses espetáculos, gradativamente introduziu um monólogo, no qual relatava fatos autobiográficos, narrados com ironia e escárnio, para além de muitos e cabeludos palavrões, que fizeram de Dercy Gonçalves um dos símbolos mais controversos do moderno teatro brasileiro.
Falar de Marino do Espírito Santo Pinto, nascido em Bom Jardim em 1916 e morto no Rio de Janeiro em 1965, é falar de trezentas canções compostas em parceria com alguns dos mais importantes nomes da música brasileira ao longo do século XX.
Começou em 1938 com Fale mal... mas fale de mim, com Ataulfo Alves, gravada com sucesso por Aracy de Almeida. Em 1939, com Wilson Batista, compõe Vale mais, gravada por Lolita França, na Victor. E não parou mais. A lista de parceiros atravessa o panteão do samba brasileiro do período, além dos dois grandes já citados. Com Alberto Ribeiro e Arlindo Marques Jr. compôs a marcha Nós os carecas, do célebre verso "é dos carecas que elas gostam mais", sucesso do carnaval de 1941 e um clássico da folia. Com Zé da Zilda, no ano seguinte, um dos seus grandes hits, o samba Aos pés da cruz (Aos pés da santa cruz você se ajoelhou...). A lista de parceiros é imensa. E a carreira artística de Marino Pinto, depois de passar pela imprensa e pelo balcão de comércio, firmou-se definitivamente, sempre gravado pelos cantores e cantoras mais importantes da época.
Em 1957, a primeira parceria com o jovem maestro Antônio Carlos Jobim, o samba-canção Sucedeu assim, foi gravada por Vanja Orico na Sinter e logo depois por Sylvia Telles, letra inspiradíssima. Em 1958, a segunda parceria, "Aula de matemática", é lançada por Carlos José na Polydor. Em 1959, João Gilberto regravou Aos pés da cruz em seu primeiro e histórico LP , Chega de Saudade, um dos marcos iniciais da bossa nova.
Em 1960, a gravadora Copacabana lança um LP só com composições suas na voz de Elizeth Cardoso, o que dá uma dimensão da importância de Marino Pinto para o mundo do disco e a música brasileira de sua época.
A ligação do maestro Heitor Villa-Lobos com a região serrana do Rio de Janeiro está no fato de que foi ali, na cidade de Nova Friburgo, que aconteceu a sua estreia mundial como compositor a 25 de janeiro de 1915, no Theatro Dona Eugenia, em trio formado pelo próprio maestro, ao violoncelo, sua esposa à época, Lucilia Guimarães Villa-Lobos, ao piano, e o flautista Agenor Bens.
A importância do compositor, considerado o maior expoente do modernismo no Brasil, deve-se ao fato de ser o principal responsável pela descoberta de uma linguagem musical peculiarmente brasileira, somando à tradição da música erudita europeia nuances das diversas culturas regionais do Brasil, um país continental, inclusive com fortes elementos da sonoridade indígena e mesmo pré-colombiana das Américas, apreendidos em suas andanças pelo estado do Amazonas e também pelo Nordeste brasileiro.
Heitor Villa-Lobos nasceu no Rio de Janeiro a 5 de março de 1887 e faleceu na própria cidade natal em 17 de novembro de 1959.
Zuenir Carlos Ventura (1931) pertence a uma tradicional família friburguense com grande tradição na imprensa local. A Friburgo chegou aos onze anos de idade, vindo de sua Além Paraíba (MG) natal, e da suíça brasileira saiu, em 1954, para cursar Letras no Rio de Janeiro, onde, sem negar a raça, também ingressa definitivamente no jornalismo. Repórter, editor, chefe de redação, o mestre Zu, como é conhecido entre seus pares, circulou pelos principais veiculos da imprensa brasileira do século XX, entre eles o prestigioso à época Jornal do Brasil, além de ter sido professor universitário ao longo de 40 anos.
A estreia tardia como escritor acontece aos 57 anos de idade com o livro "1968 – o ano que não terminou", uma crônica dos anos impossíveis no país, logo catapultado da condição de best seller a livro-refência da história das mentalidades no Brasil contemporâneo. Vieram depois "Cidade Partida" (1994), Prêmio Jabuti de 1995, "Inveja: Mal Secreto" (1998), "Chico Mendes: Crime e Castigo" (2003), "1968: O que fizemos de nós" (2009) e "Sagrada Família" (2012), todos sucesso de crítica e público.
Com a derrocada financeira do Jornal do Brasil, onde pontificava como repórter especial e colunista, Zuenir Ventura migrou para o matutino carioca O Globo e a revista semanal Época, do mesmo grupo, onde escreve desde 1999.
Uday Vellozo (1941), pianista, cantor e compositor de uma das mais tradicionais famílias do samba friburguense, ganhou fama nacional e internacional como Benito di Paula, depois do início como crooner por boates da Zona Sul carioca e dali seguir para a noite paulistana, cidade que adotou para viver.
Estreou no disco em 1971, pela gravadora Copacabana, mas seu estilo musical, conhecido como samba-joia ao combinar os elementos tradicionais do gênero com a sonoridade típica do piano, em arranjos românticos com alguma pitada de jazz, só foi plenamente reconhecido no terceiro long play (o LP de vinil da época), de 1973, quando toma as rádios do país com "Retalhos de Cetim", um mega-sucesso que não pode deixar de cantar até hoje em seus shows , senão a título de deixar desconsolada a legião de fãs que grita apaixonadamente pedindo a veterana canção.
Depois disso, veio uma fileira de hits, entre eles "Charlie Brown" e "Mulher Brasileira", para ficar no terreno das referências óbvias e fáceis de recordar à maioria dos brasileiros seus contemporâneos, a ponto mesmo de disputar vendas com o campeão da indústria fonográfica nacional, Roberto Carlos, para quem, inclusive, também compôs.
Com uma discografia de mais de trinta títulos lançados no Brasil, em 45 anos de carreira, afora coletâneas e compilações em lançamentos internacionais por toda a América Latina, Japão, Europa e Estados Unidos, Benito de Paula, aos 72 anos de idade, está firme e forte na estrada, em sucessivas turnês, em companhia do filho Rodrigo Vellozo e do irmão, o multinstrumentista Ney Vellozo, que o acompanha desde 1976, cortando os céus do Brasil do Oiapoque ao Chuí para levar seu samba-joia às novíssimas e tradicionais legiões de admiradores da sua musicalidade e grande comunicação em cena.
Considerado o sucessor de Tom Jobim em termos de popularidade de um músico brasileiro no exterior, o carioca, filho de militar, Ivan Guimarães Lins (1945) entregou-se a diferentes influências musicais – como o samba, a bossa, o jazz, o soul – fortemente presentes em sua multifacetada e vitoriosa obra, desenvolvida sempre a partir de sua estreita relação com o piano, instrumento da vida inteira.
Formado em Química, mas já entregue de todo à paixão pela música brasileira, o jovem Ivan Lins inicia a carreira quando sua canção "O Amor é o meu País" conquista a segunda posição no V Festival Internacional da Canção (1970), evento criado pelo produtor Augusto Marzagão, que dominou a cena musical brasileira de 1966 a 1972, revelando toda uma geração de excepcionais talentos até hoje em atividade.
O primeiro (e inesquecível) sucesso foi "Madalena", gravado por Elis Regina, já uma das estrelas da nova música brasileira, a partir da era dos festivais.
Vitor Martins é o seu Erasmo Carlos, por assim dizer, letrista com quem definiu uma das mais vigorosas e prolíficas parcerias da música brasileira dos últimos quarenta anos, com sucessos absolutos que dominaram a seu tempo as rádios do país e pertencem hoje ao imaginário da nação, enchendo de alegria e orgulho o povo brasileiro.
Gravado no mundo inteiro por artistas tão importantes quanto Quincy Jones, George Benson, Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Carmen MacRae e Barbra Streisend, entre tantos outros, Ivan Lins escolheu a cidade de Teresópolis para descansar de suas longas turnês internacionais e dar seguimento à sua respeitada e extensa obra, construindo ali a casa tipicamente serrana, aberta ao verde e ao sol e em profunda interação com a natureza.
Oriundo de uma família de artistas – filho do cineasta Zelito Vianna, um dos ases do cinema novo, da produtora cinematográfica Vera de Paula, sobrinho do gênio da raça Chico Anysio e da atriz e diretora Cininha de Paula –, Marcos Palmeira de Paula nasceu no Rio de Janeiro, em 1963, e vinte anos depois iniciava na Casa de Artes Laranjeiras (CAL) os seus estudos de ator.
O sucesso de crítica e público chegou com a novela Pantanal (1990), de Benedito Ruy Barbosa, na Rede Manchete. No cinema, uma filmografia de mais de trinta títulos em trinta anos de carreira, garante a Marcos Palmeira um lugar de honra entre os atores de sua geração, com especial destaque para "Romance da Empregada" (1987), de Daniel Filho, "Heitor Villa-Lobos – uma vida de paixão" (2000), de Zelito Vianna, e Dom (2003), de Moacyr Goes.
A partir de sua fazenda Vale das Palmeiras, localizada na região serrana do Rio, na área rural de Teresópolis, Marquinhos – como é carinhosamente tratado por amigos e fãs – produz alimentos orgânicos, livres de agrotóxicos, para os principais entrepostos naturais e supermercados da Zona Sul carioca.
Como consultor agrícola, participa de vasta rede de assistência a projetos de alimentação orgânica pelo país, como a implantação do PAIS – Produção Agrícola Integrada Sustentável, nas aldeias xavantes de São Pedro, Onça Pintada e Parinaíba, na reserva Parabubure, no Mato Grosso.
Marcos Palmeira chega à maturidade dos seus cinquenta anos integrando, com grande harmonia, a carreira dramática e a militância ecológica e humanista em favor das causas de seu tempo.
Tijucano criado em Ipanema, Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim (1927-1994) é considerado o maior expoente da música popular brasileira e um dos principais artífices da bossa nova, gênero musical que o projetou internacionalmente, a partir de 1958.
Compositor, maestro, pianista, arranjador, violonista e cantor, Tom Jobim, como ficou mundialmente conhecido, teve entre seus mestres o professor alemão Hans-Joachim Koellreutter, introdutor da técnica dodecafônica no Brasil. São suas principais influências o compositor brasileiro Heitor Villa-Lobos e o francês Claude Debussy, uma das origens prováveis de sua sofisticação harmônica, combinada à paixão pelos temas da canção popular do Brasil como o samba, o choro, a modinha, a cantiga e os ritmos nordestinos.
Em seu sítio Poço Fundo, situado no município serrano de São José do Vale do Rio Preto, Tom Jobim encontrou tranquilidade para escrever algumas das páginas mais inspiradas de seu vasto cancioneiro, entre outras, a antológica Águas de Março e Chovendo na Roseira, em ambas demonstra o seu incrível talento também como letrista.
Em 1994, ALM escreveu o conto cinematográfico O último sonho de Orpheu, onde narra o minuto final do compositor de Garota de Ipanema em seu leito de morte em um hospital de Nova Iorque, cidade que, junto com o Rio de Janeiro, foi outra de suas grandes paixões. O último sonho de Orpheu vai ser finalmente publicado em 2014 como homenagem do poeta e dramaturgo ao maestro Antonio Carlos Jobim nos vinte anos de sua morte.
Como a maioria esmagadora dos atores das novas gerações no Brasil, Rodrigo Junqueira dos Reis Santoro, nascido em Petrópolis, em 1975, começou sua carreira na Rede Globo de Televisão, no Rio de Janeiro, aos vinte anos de idade, onde atuou com sucesso em diversos folhetins eletônicos, em geral à frente de personagens problemáticos ou complexos que lhe permitiam exercer de modo amplo seu grande potencial dramático.
O cinema brasileiro reservou-lhe três grandes desempenhos de início de carreira: Bicho de sete cabeças (2001), de Laís Bodansky, Abril despedaçado (2002), de Walter Salles e Carandiru (2003), de Hector Babenco, nos três com atuações memoráveis que deixavam claro seu incrível talento, objeto de inúmeras premiações, além do reconhecimento público de sua beleza física. Na carreira internacional, o destaque até aqui ficou para o rei persa Xerxes de 300, de Zack Snyder, na história adaptada dos quadrinhos de Frank Miller e Lynn Varley, rodado em 2007.
De volta ao batente na Rede Globo, depois de período de afastamento dedicado ao set internacional, Rodrigo Santoro protagonizou as duas jornadas da minissérie Hoje é dia de Maria, de Luiz Fernando Carvalho. Se para viver o vilão Xerxes, o ator encheu o corpo de músculos e piercings, em Maria, emagreceu assustadoramente para encarnar o Amado, não deixando dúvidas mais uma vez de sua grande disponibilidade para o ofício.
Um dos seus últimos trabalhos no cinema brasileiro (2011) foi viver o mito botafoguense Heleno de Freitas, lenda ciclotímica do futebol carioca dos anos 1940-1950, onde, mais uma vez, Santoro se metamorfoseou para dar vida ao personagem, sem perder, contudo, o charme de grande vascaíno.
Segundo e último monarca do Brasil, Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga (1825-1891) reinou por 58 anos, desde os 5, a partir da abdicação do pai até a proclamação da República, em 1889. Inicialmente, sob a tutela de uma regência até a sua ascenção ao trono aos quatorze anos de idade.
Governou sob monarquia parlamentar constitucional, em ambiente de grande estabilidade política, não obstante as acirradas disputas políticas que envolviam os dois grandes partidos da época, o Conservador e o Liberal, liberdade de expressão, respeito aos direitos civis, a despeito do regime escravo, que por fim aboliu, em 1888, por intermédio de sua filha, a princesa Isabel, e que, de certa forma, precipitou sua deposição e o fim do Império do Brasil.
Fundador da cidade de Petrópolis, para onde a corte mudava-se durante seis meses do ano para fugir do escaldante verão carioca, Pedro II encontrou nos ares da serra, seu clima ameno, vegetação exuberante e águas cristalinas, o ambiente perfeito para seu temperamento taciturno, estudioso e contemplador da natureza.
Morto em Paris, onde viveu o exílio, os restos mortais do Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil e de sua esposa, Teresa Cristina (origem do nome da também serrana cidade de Teresópolis), foram trasladados de volta ao país em 1921 e repousam no mausoléu imperial, no interior de catedral de São Pedro, em Petrópolis.