Dois ou três versos de Quintana ao poeta desconhecido
Vago pela casa, Insone e sem lugar Tal qual estou neste mundo
Em sua cama, uma mulher Que é minha, abre-me seu coração E pernas Mas, estou mudo De silêncios carregado Vago no escuro, Que em si já é bastante vago
Dois ou três versos de Quintana Vão comigo, e eu prostrado Descalço na brisa da noite, Entre um troar e outro de automóvel
Quisera ser simples Mas, isto não é nada fácil Quando não se é funcionário público Faltam-me uma alma tomada de calma E algum dinheiro certo ao fim dos meses
Cultivo reses lunares Vivo de expedientes diversos E um ou outro verso que cultivo Em meus cantares Silêncio. Por quanto tempo mais Suporto a solidão de ser o poeta desconhecido À beira do túmulo aberto por meus pares?