Não corro Parado ao meio do pátio À espera de ser abatido Enquanto grita a sirene Já não tenho por mim Aquela admiração essencial Que leva um homem A suportar-se ao espelho Não vejo razão para isto Aguardo apenas que disparem A qualquer momento A misericórdia de um tiro No pátio somos todos iguais Perante a mira incomum Logo seremos mortos e esquecidos Nada mais faz sentido Nada mais tem valor Rege-nos o acaso O fortuito A gratuidade do Mal Acuamos Deus para a cerca Ali o socamos aos chutes e pontapés Não há porque ser feliz ou fazer o bem Somos maus e há enorme prazer nisto Trocou-se a coroa de espinhos Pelos escalpos do Cristo