Como explicar que já somos tudo

(para Mônica Guttmann)

 

Como explicar que já somos tudo
E nada — a um tempo?
Corpo, ausência de corpo e
Profusão de sentimentos
Como explicar a emoção, a comoção
E o comedimento
A comédia da convivência
A ausência, neste caso, de sua tragédia
Ou mesmo o drama romântico
De nosso cinema um tanto quanto novaiorquino
E judeu
Como explicar que mal lhe conheço
E tudo sei do que desconheço
Falam-me os silêncios
Mais que as vozes de seu coração
De algum estranho modo
No âmago de todas as decisões
Lá está você, sorri-me
Sua autenticidade
Sua máquina de sonhar continuamente
Seus dias de sol e cores suaves
Suas dúvidas irrelevantes
Face a certeza espontânea de seus pés
No âmago de todas as decisões
Lá está você
Assim permaneço
E mais e mais lhe sei
E não conheço
Como explicar
O amor e seus tropeços
A vida e seus avessos
Mas, espere, por que explicar
O que mereço?


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