Por vezes, esvai-se o sentido Tudo se me parece vão, estulto Esfuma-se o ânimo Inútil intervir no mundo A vida, ávida, escorre igualmente [sem que minhas mãos juntem água da fonte Tudo permanecerá o mesmo Mudando sempre e sempre o mesmo igual Repetição, indiferença Por vezes, escasseia a alegria de viver Viver em si mesmo caceteia, enfara, [aborrece A solidão e suas vestes frias O tédio e seu roupão de cansaço Como suportar a noite que cai sem companhia? Estrelas que hesitam em prover seu brilho Mesmo o universo, por vezes, [parece condenado à sua falta de sentido: Existir sempre, sempre existir Duvido da factibilidade de ser eterno (nada suportaria tamanha exaustão!)
E no entanto, estou certo, bastava o entusiasmo sincero por um rabo de saia ou a intuição perversa de mais um poema para superar a morbidez de tão extensa [platitude Anódino, encolho os ombros E sigo na esteira dos dias