Assum pardo

(para o mano-do-meio)

Meu irmãozinho Girlam, amadinho, adorado
Tinha aquela ingenuidade
Brejeira dos tontos
A liberto não viver
                        — diz um verso seu —
Melhor fora morto nascer...
Ignorava, assim, por completo,
Condições normais de temperatura e pressão
Que fazem do nascer neste planeta
Um prender-se insólito,
                        [involuntário, incontornável...

Que bom sonhar com a liberdade!
Evanecê-la, devaneá-la
Sobretudo, fingi-la, debruçado em versos
A insuflar nos escravos de Roma
A fantasia de Spartacus — ou Barrabás...

Nós, porém, que não sonhamos
                        (senão despertos)
e, ainda assim, amamos também a liberdade
resta-nos, tão somente, aceitar a gaiola da dor
onde o pássaro cego canta — rima pobre —
                        [para ver o amor


< Voltar

2024 © CIA DO AR. AÇÕES EM CULTURA  |   DESENVOLVIDO POR CRIWEB  |   POLÍTICA DE PRIVACIDADE