O jornal que embrulha o peixe

Escândalos
Infortúnios
Acusações elevam suspeitos
A culpados em pré-julgamentos públicos sumários
Mentiras plantam-se hoje como mandiocas
A colher amanhã como verdejantes verdades de cactos
Opiniões equilibradas de gente desequilibrada
Expressam posições parciais e subjetivas
Diante de fatos descritos de modo objetivo
E supostamente imparcial

Reprodução de sucessivas e feéricas invenções de consumo
Apresentadas como comportamento novo diante do mundo velho
Uma ou duas notícias boas a cada quatro ou sete dias
Em chamadas diminutas, sem retranca
Que ocultam a bondade do feito por sua eventual insignificância
Ou baixo potencial de interesse para o leitor,
Aquele tido doido na editoria de cartas

Fofocas dadas como informação
Sob a égide confiável da maledicência
Jornalistas que se noticiam a si acima dos fatos
Como estrelas do new journalism
Erros crassos de Português
Invisíveis a desatentos ombusdman fluentes sobretudo em inglês
(mas, não mandarim)

Recados sub-reptícios a grupos de pressão e segmentos econômicos
Alvos da publicidade
Crianças expostas
Cadáveres expostos
Bandidos glorificados à moda de Barrabás
Alguns poucos artistas que se revezam ad nauseam nos cadernos culturais

Pessoas de bem a serviço do mal
Isto é, a informação picotada
Em lugar do conhecimento progressivo
Entretenimento não reflexivo
Distrações abusivas para mentes dispersivas...

Há controvérsias
Se estas moscas varejeiras
Que assomam ao embrulho
Atraídas o são por minha poesia brejeira e seu orgulho  
Ou que as enfeixe a carne de conversa
Do jornal que embrulha o peixe...


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