Galope

Em que ponto do caminho eu te perdi, frufru?
A pergunta permanece intacta
Virgem de resposta
Muda como porta
Sem que me acostume
Ao teu silencio inescrutável
Por instantes, teu afeto
Roçou minha presença
Com gosto e simpatia
Ríamos juntos
E, juntos, iluminava um o olhar do outro
Sem sombras sob o sol
Sem medos ou aleivosias
Apenas que fluía o sentimento
Como um regato
Prestes a se avolumar em riacho
E minha alma sorria, expectante
Com o crescer das águas rumo à ribeira
Eu renascia, frufru!
E a tua presença, excitante, me exigia
Malabarismos muitos e contorções várias
Em torno de signos e assuntos que me eram estranhos
Dentre os quais, um amor de amigo
Marcado por longas distâncias, aéreas e imaginárias
E grandes cuidados
Afora um desejo muito aceso e persistente
De permanecer em teu abraço
Ali, grudado
Desvendando rumos novos
Para um coração cansado
E uma mente sempre apta a se adaptar
Novos sons
Novos ritmos
Silêncios por vezes embrutecidos
Olhares grudados no longe
Tudo se me interessava, bom ou mau
Para reviver ao teu lado, frufru
Um sentimento que se renova
Pela descoberta, a entrega e o encontro
No entanto, em algum ponto
Algo de mim se desprendeu e deslizou
Como as pedras de uma avalanche
E foi-se por água abaixo
A intimidade imaginada
A confissão tornada possível
A comunicação aberta aos poucos
Sem que me tenha sido dado compreender o meu erro
Se erro houve
Ou se, como certas coisas nessa vida
Nós apenas declinamos de nós mesmos
Ao arrancar em um galope
Em direção outra...


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