o tempo todo que te quis com estulta pureza disseste não ao sentimento tu te negaste a ver no meu gozo uma delicadeza, um ventre que se abre ao amanhecer penumbroso o tempo todo que te quis com meu encantamento tu me disseste não ao instinto e ao momento ... e quando, ao cabo da decepção vivida, eu te desejei tão somente por vingança para registro apenas na cadernetinha vil coleção de corpos vilipendiados sem o mínimo consolo apenas exercício de desfaçatez e gozo quinhão meu de desumanidade minha lista tenebrosa de perfumes vários quando, depois de tudo e do teu nada, eu te atrai ao vau da armadilha tu me entregaste, aberta, a caixa de Pandora para vará-la inteira e ao varal dependurada foste como todas, na estrada foste a carne apenas devorada a caça, a presa perseguida com que o predador sacia a fome sem deixar de ser por um segundo o assassino pleno satisfeito... que se mata a cada vez que vence o mundo