Tantos de mim partiram-se Estilhaços no chão da casa Pedaços insones na noite Um violão calado Palco vazio às escuras Filmes velados Restos de mim em sonhos Planos para sempre adiados Caos, sabor de derrota Profusão de desejos roubados Tantos de mim no lixo Outros de mim em coma Sono de gente esquecida Versos para sempre quebrados Fui jovem como a manhã radiante Moço como sol de meio-dia Deito-me agora na tarde Quando a noite já se prenuncia Ânsias ainda muitas Golfam-me a imaginação Quero agir, não tenho mãos Correr não posso, sem pernas Minhas palavras, asas que calam Tento a tinta do poema Aqui repouso de um cansaço ligeiro Ainda procuro pelo verbo Que refaça meu corpo inteiro