A longa canção da vida
Os filhos ficam putos
Se os pais trepam
Ficam putos
Se os pais não trepam
Ficam putos de qualquer jeito
Pelo fato de que são o objeto
E também são o sujeito
dos pais que trazem, por certo
guardados dentro do peito

São suas ovelhas os pais
E eles o pastor perdido
com o velho cajado nas mãos
Logo serão seus amigos
Mais tarde serão seus irmãos
Até que entendam os filhos
que vamos ao desabrigo
na lida do coração

Uns mais, outros menos aflitos
Expostos aos mesmos perigos
Todos de bunda no chão

Os pais para a despedida
Os filhos oferendas à vida
E a morte para a re-união

Os filhos ficam putos
com qualquer besteira
Amam assim à sua maneira
E logo esquecem a lição
Os pais, maus professores
Professam apenas amores
que receberam ou não
E os filhos não são bons alunos
Cabulam o exemplo diurno
Gazeteiam o próprio destino
Zombam da própria ferida
E ao fim nem pais nem filhos
Sabem mais do que o estribilho
da longa canção da vida

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