arisca, a gazela cisca o terreno escoiceia dança um balé de pinotes sobre a savana e a areia foge por entre horizontes busca a paz das estepes retorna, exangüe, quedada de volta ao seu torvelinho quer comida, carinho mas, já não sabe de nada pervaga confusa, atônita seu espanto não compreende assusta-se deveras consigo sem saber o que sente para além de um tépido desejo que a faz tão úmida por dentro e por fora tão seca, espinhosa medonha, faceira a um tempo vai a gazela ao relento por vezes, quase uma égua de tão farta e desejosa vislumbra o mundo das fêmeas território em que não ingressa por algo que lhe escapa para além da pelagem curtida é que à gazela lhe falta ser tida igualmente como fêmea fica ali na savana arisca, exposta aos iguanas e tende a ser devorada não pelo lentos iguanas que não lhe igualam o galope mas, por seu próprio galope que do amor continuamente evade arde, a gazela arde na solidão do seu corpo tudo o que quer é pouco tudo o que tem é pouco pois a si mesma escapa e o que come é nada para sua fome escassa para o seu medo tanto louca, a gazela estiola a razão do próprio pranto e chora, a gazela chora sem comover seu espanto grita, a gazela grita sem dar conta das horas quer-se calma, tem-se lânguida quer-se tesa, tem-se presa e como uma lâmina ao vento seu galope a leva veloz sempre de encontro ao momento sempre em fuga atroz