Solidão dos domingos

Os domingos, no Rio, são duríssimos para mim
Mas ainda se, por ventura, saio só às ruas
Nelas revivo a solidão nua
De que me vi vestido ao chegar ali
Habita-me a solidão do centro da cidade
Ermo desolador de rejeitados migrantes
Que em vão supõem a sua frágil felicidade
Em alguma daquelas esquinas apavorantes
Domina-me a solidão do largo do Machado
Onde todo mundo e ninguém têm a mesma cara
A cara do abandono pintada nos sobrados
Que recontam a nossa história nada preclara
Dói-me a solidão dos subúrbios machucados
Ônibus vazios nas tardes de domingo
Onde tudo e nada resultam anulados
E nosso sonhos morrem enquanto estão dormindo
Marcou-me para sempre a paisagem Severina
Quando de minha chegada ao paraíso tropical
Na primeira noite, só, em um posto de gasolina
Aprendi que, para os pobres, toda terra é igual...


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