não é só meu coração que te alcança, mas também meu espírito, no interior deste recinto; em meu íntimo, um olhar vigilante percorre não só teu sofrimento, mas também tua esperança [de saúde em nosso convívio; mais que o filho desamparado ante a agonia da mãe, é o teu amigo de palavras pouco escolhidas e temperamento tíbio quem se fortalece com tua luta e fibra;
sonho trazer-te a casa e rezo a Deus poder fazê-lo, logo eu, de Deus tão distante [por erros prolongados... rogo o perdão de que sou falto sem que aceitação me falte [aos versos do destino contudo, vigia meu olho a tua vigília, teu coração fraquinho meu menino reincidente insiste em lágrimas - que, sabe-se, são preces e não me faltam joelhos... quero rever-te sem tubos nem aparelhos acariciar-te os cabelos e dizer ó mãe, ó mãe! ainda temos um minuto todos os meus desencontros erros, todos meus erros nada disso é bastante para calar meus apelos reinam em mim esperanças por graves que sejam as noites ninguém morre de véspera - tu mesma ensinaste acesas estão as velas e luzes do meu cruzeiro sonho de novo um abraço um beijo pela janela de novo uma nova chance de comunicar este amor amor por vezes tão rude eu, um burro de alma [a quem não se cortou a pata amor por vezes calado silente em seu mergulho vigio-te com modesto orgulho por tudo que me ensinaste e o pouco que aprendi mergulho nesta dor não como o náufrago que há no órfão mas, antes, o escafandrista que recupera um tesouro esquecido vigio-te noite e dia com os olhos de um amor que não pode ser repreendido