04 de agosto de 2024 às 00:00
Àquela hora
quando deitar em mim a morte a sua mão vazia
e for meu corpo a carne que àquela hora esfria
vou recordar da vida os seus melhores sabores
e sorrir agradecido por seus belos amores
que nos meus braços e peito tive a ocasião de ninar
como pai, como amigo, como filho, como amante
e destes muitos amores que hei de recordar
nenhum - nenhum! - terá sido mais relevante
do que o amor e o respeito que devo à própria vida
sorte minha, benção minha, prêmio meu e graça
que de meus pais tomei como o fogo toma a sarça
para fazer arder nos céus da noite a clara estrela
e a luz que nos olhos meus àquela hora finda [derradeira
há de agradecer à morte pela vida recebida