Ocorre-me que o lançamento do projeto Multilivros® é ocasião boa e apropriada para se teorizar um pouco – e de leve – a respeito do convite feito a essas mulheres bonitas e interessantes, conhecidas minhas ou não, chamadas a participar dos videoclipes produzidos por Cia do Ar. ações em cultura.
Nos clipes, trabalhamos a partir da imagem, por óbvio, são elas que conduzem a mensagem da canção até o espectador. Tudo que queremos dizer precisa ser traduzido em imagem, mais até do que em ação. Mesmo a ação precisa encerrar uma imagem – bem precisa! – que traduza o que se quer dizer naquele momento determinado da história.
Ali, temos o artista como imagem, isto é, mostrado, decodificado, o que significa associar a sua pessoa a um conjunto de símbolos e signos que permita sua rápida identificação pelo espectador naquela performance.
O elemento feminino, sua beleza, sedução, encanto e carisma, constituem um dos pontos centrais da comunicação de massas na indústria do entretenimento. Isso, todo mundo está careca de saber!
O que me competia era sacar um diferencial ligeiro, capaz de agregar algum valor ao nosso trabalho.
Sou, sempre fui, creio, desde a leitura de Escuta Zé Ninguém, de Willem Reich, um apaixonado pelo homem comum, não obstante seu crítico contumaz, porque também sou um homem extremamente comum e autocrítico.
E se há algo que me entusiasma e comove é a sobrevivência da beleza da mulher no chão íngreme do quotidiano, onde a regra é capotar e perder o controle, principalmente de seus atributos pessoais e físicos, em face das obrigações e os muitos compromissos profissionais e familiares que as ocupam no mundo contemporâneo – que elas praticamente tomaram conta, em todos os setores de atividades. Não é fácil sobreviver a tudo isso, mas, elas sobrevivem!
Como observador interessado do quotidiano, coleciono, por todo canto, fisionomias e personalidades que me encantam. E os videoclipes me têm permitido trazer para dentro de um projeto artístico a beleza das nossas convidadas, o que, em alguma medida, funciona para o público como uma sinalização do tipo de conteúdo a que meu trabalho está associado e que tem a ver, entre outros temas, com mulheres comuns que lutam no dia a dia de suas vidas e preservam suas beleza, sensualidade e carisma, acima de suas vicissitudes e circunstâncias nem sempre favoráveis.
De alguma forma, ao assistir aos nossos videoclipes de ficção, o espectador vai saber que aquelas beldades ali presentes são mulheres comuns que travam a batalha diária por sua sobrevivência e lutam para fazer brilhar sua beleza interior e exterior, com todos os cuidados e demandas que isso significa, não só em termos de cremes e malhação, mas também de uma nova compreensão da vida e do amor.
O saque foi esse, pois quando recorremos (e podemos fazê-lo, dependendo do projeto) a agências de modelos ou, então, a atrizes propriamente, também encontramos beleza, inteligência e sensibilidade femininas, apenas que de uma forma profissional.
Neste caso, buscamos a beleza onde não se a exige, mas, ainda assim, ela insiste em se fazer presente. E muito presente.
Angela e Vitória Juliani e Carolina Berbert, minhas convidadas em No amor exemplificam, exemplarmente, essa minha modesta teoria.
E a bailarina Talia Bedotti, com sua beleza amazônica, ribeirinha, flor de igarapé, embora profissional da dança, também responde plenamente aos mesmos conceitos estéticos de quem arranca do chão do dia a dia a força de sua interpretação e performance.
A elas, os nossos agradecimentos.