Num determinado momento dessa busca pela locação natural, recuperei uma intenção que de certa forma marca a realização desses dois primeiros clipes, que é associá-los às paisagens da região serrana do Rio, afinal, uma paisagem que nos abraça e acolhe e que nos enche de regozijo e alegria.
Em No amor, a praça central de Friburgo, com seus eucaliptos centenários e seus bancos de madeira, os jardins do Parque São Clemente, saídos da sinuosa imaginação do arquiteto francês Glaziou, e as alamedas que margeiam o lento escorrer do Bengalas pelo centro da cidade protagonizaram as locações externas.
Em Flores da serra, resolvemos, Junior e eu, delegar o estrelato aos majestosos Três Picos de Salinas, um colosso granítico dos mais impactantes da Serra do Mar (e dos mais altos também). São verdadeiros totens, aquelas formações rochosas. Seu silêncio, fala. Sua presença, dobra-nos. E a vida silvestre ao derredor, onde está inclusive a sede do Parque Estadual dos Três Picos, é de uma beleza deslumbrante e cativante. Seus regatos, suas flores, a vida rural das famílias da região, as hortaliças nos quintais... um encanto.
Decidimos, por fim, gravar ali as cenas reais que abrem a animação do clipe e isso foi extremamente acertado. Há uma força naquele lugar que se transmitiu espontaneamente à história. Uma história onírica, sonhadora, que o Junior construiu como um pintor, em fases: tem a fase branca, depois a azul, a negra etc. Um espécie de psicodelia pós-moderna, costumo brincar com ele.