Angela, Vitória & Carolina
E a realidade produz surpresas e encontros notáveis.
Havia, nas ruas de Friba, uma mulher cuja beleza exótica ─ algo de russa ou escandinava, talvez ─, exercia grande fascínio sobre mim. Nós não nos conhecíamos e mesmo assim eu me aproximei para convidá-la a participar de No amor como a mulher do personagem que vivia o inferno das drogas e que seria interpretado por mim.
Não só ela como o seu namorado à época (também a minha mulher!) acharam a minha aproximação incrivelmente ousada e levaram todos algum tempo para assimilar minhas intenções. E eu tinha uma! E não era nova.
Desde o tabloide Atlântica intermidia de cultura e ideias, que editara entre 2003-2005, que queria encontrar entre as mulheres comuns que vivem o dia a dia a beleza que poderia ser estampada em suas páginas. Isso aconteceu por dois ensaios fotográficos apenas, durante a vida breve da publicação.
E naquele momento de inaugurar a minha incursão pelo audiovisual, retomei essa antiga ideia, na verdade, um conceito que me faz olhar as ruas sempre de forma atenta. A beleza está à solta! Encontrá-la no leito do quotidiano, amplia sua percepção e seu entendimento para mim. Leia mais >
Angela Juliani, professora, advogada, empresária, hoje grande amiga, fitou-me debaixo a cima, pôs sobre mim seus cintilantes olhos verdes e me interrogou do fundo da alma para saber que maluquice era aquela. Fui franco quanto ao objetivo que lhe expunha e, aos poucos, vencidas as resistências naturais pela inusitada abordagem, começamos a conversar ─ mais ela e o diretor, propriamente ─, acerca do roteiro e seu entusiasmo acabou por nos trazer também a companhia de Vitória, sua caçula, então com cinco aninhos, que viveu a filha do casal nos flashbacks da história.
Minha caçula Carolina, então com 14 anos de idade, viveria a personagem da Vitória em plena adolescência, às voltas ela e a mãe com as turbulências da recuperação daquele homem. E estava formado, assim, o nosso elenco enxuto.