Guitarras

As guitarras são outro momento especial para mim nessa regravação.

Estevão Andrade, dorsal atlântica do “Flores da serra”,com seus belos e inconfundíveis riffs, está de volta em poucas (devido ao seu tempo exíguo) e decisivas faixas, onde percebi, nitidamente, o caminhar do seu talento e do seu olhar em direção a outros panoramas sonoros tanto do pop como da música brasileira. Foi intrigante vê-lo criar seus improvisos com um toque a mais de esperteza, antecipando acordes, deitando pequenos comentários e contracantos, prolongando solos inesperados em lugares incomuns...

Fernando Dias deu-me o tema daquela introdução melancólica e sensual de Amis de chambre que gravei nessa versão; aliás, foi Fernandão quem revelou para mim esse aspecto de sensualidade que parece por vezes eclipsado na melancolia do blues; devo à sua sensibilidade essa compreensão importante para me ajudar a entender que tipo de quase blues eu faço e do que esse disco oferece uma pequena mostra.

Por outro lado, sempre que ia ao Sushi Ban, restaurante japonês localizado no bairro do Cônego, em Friba, escolhia as últimas quartas-feiras do mês, pois, além da excelente comida do Edgar Ban, podia apreciar também a arte de um grande guitarrista que lá se apresentava com sua banda afiadíssima. E esta regravação foi justamente a oportunidade que faltava para convidar o bluseiro Newton Couto a contribuir com seu estilo e sua pegada para iluminar justamente os meus “blues de fronteira” aqui reunidos, o que ele fez com os pés nas costas e os dedos no braço macio da sua Fender, sem maiores problemas.

Marcelinho Martins é um amigo especial a quem devo muitas e muitas coisas bacanas no trabalho com a música, entre elas um dos momentos altos desse disco, graças à sua inventiva guitarra que desenha um clima dance e ao mesmo tempo psicodélico, bem anos 1970, em Archeiro/Mundo asiático, em franco diálogo com o baixo do Marcio Klein.

Marcelo fechou com chave de ouro a participação das guitarras nesse trabalho e assinou a sua presença de forma indelével. E dançante! Sem contar que em Abrigo, os comentários de sua macia semi-acústica dialogam incrível e lindamente com o piano do Kiko.

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