Labirinto (1988) é uma homenagem ao Belchior, compositor que pontificava na minha adolescência com canções brasileiras de sotaque pop e que tanto apreciava pelo caráter quotidiano e literal de suas letras.
É uma canção notadamente edipiana de um sujeito no apogeu, talvez, de sua adolescência tardia sendo discutida à luz da interpretação freudiana de uma das mais tenras obsessões da infância humana.
Chico Buarque é citado por seu verso “e deixa em paz meu coração que ele é um pote até aqui...” – no meu caso, de vinho – e há também a menção à trilogia de Henry Miller [1891-1980] como parte dessa decifração do prazer e do desejo e da indispensável ternura por trás de toda libido.
Foi composta para uma mulher que tinha idade para ser minha mãe e que não mediu esforços para me destruir. Em parte, conseguiu, a danada. Em parte, não. Prova-o a canção, onde o meu carinho por ela sobrevive.