Ao mar de teus gemidos (1993). Essa canção faz parte de uma linha de trabalho inaugurada mais ou menos à época de sua composição e que procura resolver certa tendência minha a letras quilométricas, sou sabidamente um prolixo incorrigível. Não é apego ao efeito, mas é que me deixo levar sempre pela emoção do que está sendo dito. E às vezes rende!
Então, como sou cultor e praticante do soneto, tive a ideia de pegar este e o musiquei em seguida pensando nas vozes de Tim Maia [1942-1998] e Ed Motta como os seus cantores de destino, mesmo que a poesia não se encaixe tanto assim no cancioneiro desses dois artistas, mas a fiz para eles, flertando com o suíngue do fanque carioca, embora o meu seja um fanque de araque, com as influências da canção brasileira que me são caras e incontornáveis.
Sempre a ouvi com vocais de resposta, no estilo gospel ou spiritual e, na minha cabeça, essa canção tem alguma coisa lá no fundo daquele veludo melódico do Al Jarreau, que não sei se consigo passar, mas é uma influência que ela traz como desejo.