Esse disco teve uma primeira versão gravada por volta de 2004 em que quase tudo deu errado (exceto a coragem de fazê-lo). Um pequeno desastre que mandei para algumas gravadoras e, naturalmente, ninguém acusou o recebimento. À exceção da gentil Stela Faria, então na Indie Records. Mas, a ideia por trás dele correspondia por inteiro aos meus objetivos artísticos, que se resumiam muito simplesmente em juntar música e poesia no mesmo balaio, duas constantes no meu trabalho.
Naquele mesmo ano, editei “Archeiro – sonetos canções e poemas de amor paixão e amizade”: textos amorosos e amoráveis percorrendo territórios diversos da minha observação afetiva em sua multiplicidade de formas, intenções e conteúdos.
Ao criar a seção Os cantos, reunindo as letras das canções, o objetivo era justamente apresentar ao leitor a minha lavra autoral em música popular, até então inédita, remetendo-o ao disco que acompanharia a publicação, com a ideia de que ambos pudessem ser apreciados juntos ou separadamente.
Só que não dei conta de tudo que estava implicado naquela produção. De modo que consegui editar o livro, mas o disco, que o havia de acompanhar, saiu todo artesanal e desconjuntado, não deu pra arredondar o resultado final, não obstante a participação de músicos que muito respeito e admiro.
A melhor parte, a meu ver, foi o projeto gráfico com ilustrações da artista plástica e escritora paulistana Monica Guttmann, transpostos do livro. Projeto este mantido aqui com acréscimos da programadora visual Lucia Pouchain, responsável pela arte do encarte. Tem ainda uma caricatura minha feita por meu filho Solano, também mantida.
Mas, foi uma experiência importante, aquela de 2004. Aprendi muito acerca de como não fazer as coisas, de como não sentir as coisas, de como não pensar as coisas...
O repertório do disco, todavia, nunca deixou de me instigar a sua regravação. São canções de uma fase em que desfrutava certo entusiasmo por meu trabalho musical e achava que ele pudesse ser compreendido e sentido por seu esforço plural. Ilusão que o tempo amainou, porém, não desfez de todo. Mas, ficam as canções...
Concluído o lançamento do Flores da serra (2011), resolvi retomar o projeto Archeiro CD. Por dois motivos: seu repertório interage perfeitamente com o daquele álbum e ambos podem dar origem ao show de uma primeira turnê ou de uma temporada. A definir.