Na estação

Foi como se eu tivesse permanecido na estação, esperando passar o trem da geração seguinte.

A maioria dos músicos que abraçou a minha música e me ajudou a desamassá-la e torná-la minimamente palatável para ouvidos educados, tinha, então, entre 19 e 30 anos.

Nenhum deles torceu o nariz para minhas composições retorcidas e fora de esquadro, algumas com  letras um tanto quanto compridas, cheias de palavras inadequadas ao cancioneiro popular e algo enigmáticas no que tinham a dizer.

Ao contrário, os instrumentistas que tive a alegria de conhecer, a partir do meu relacionamento com o Midstudio, em Friburgo, minha cidade natal na região serrana do Rio de Janeiro, esses instrumentistas encontraram um espaço incrível dentro das minhas harmonias inesperadas para se expressar e criar de maneira livre, de tal modo, arrisco dizer, que também para eles foi bom estar comigo naquele intenso processo de criação.

Nesses sete anos de trabalho, produzi algo em torno de 60 fonogramas (uma marca que preciso respeitar, eu que não sou muito de dar bola para os meus pequenos feitos...), todos devidamente desamassados graças à funilaria musical dos meus jovens companheiros desde então. Anderson Erthal, Tiquinho Santos e Jouber Alves à frente.

Isto significa que, hoje, minhas composições podem ser apreciadas por vocês, amigos da CD Baby em todo o mundo, sem qualquer estranhamento, ainda que com certo grau de estranheza inerente ao meu modo de compor. Ou, mesmo, ao meu modo de ser.

Devo isso a esses rapazes formidáveis que me abraçaram e acolheram e a outros tantos músicos amigos, inclusive de gerações à frente da minha, que, a partir dessa caminhada, também estiveram conosco como brilhantes colaboradores. Caso de Edson Lobo, Marcio Mallard e Cristovão Bastos, entre outros gigantes da música instrumental brasileira que muito me honraram com suas companhias.

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