Então, ao 46 anos de idade, ou seja, trinta anos e trezentas canções depois que tudo começou, soou a sineta.
Catso, essas composições não podem ser penalizadas por minha personalidade esquiva, pensei. Pelo menos 5% delas são boas, apesar de tortas. Trata-se de encontrar quem as desamasse junto comigo...
Depois de uma primeira tentativa abandonada no ano 2000, fiz outra, em 2004, de gravar o meu primeiro álbum.
Sabe aquelas coisas que dão totalmente erradas, mas que dão totalmente certas? Pois é, foi o caso dessa segunda tentativa.
O disco saiu todo desconjuntado, apesar dos bons músicos que me emprestaram a sua colaboração. Dupliquei-o de forma artesanal. Distribui precariamente. Tudo ruim, muito ruim. Mas, incrível, como foi bom!
Aprendi tanto com aquele processo erradio, olhei tão intimamente para as minhas características pessoais, minhas idiossincrasias, medos, retrações, a dificuldade de me expor plenamente e de vivenciar meus próprios equívocos, cresci tanto observando e entendendo um pouco a dinâmica de tudo aquilo que não funcionava, principalmente graças a mim mesmo e às minhas escolhas, que ali, finalmente, a música aconteceu para mim.
Bem, papai do céu deu um empurrãozinho também...