Por que desejamos tanto ser o outro, estar com o outro, mesmo que não seja ele, senão a imitação dele, mesmo que não sejamos nós mesmos, senão o que desejaríamos ser?

Claro que Roberto e Erasmo, bons entendedores do coração humano, trataram da questão em uma de suas mais belas canções (“coisas que quis ser e que não fui...”) e aquela experiência de Guarapari – sobre as mesas da boate havia ainda a reprodução de uma dedicatória do Rei para o Zezinho – me permitiu compreender que, de certo modo, muitos de nós brasileiros gostaríamos de ser o Roberto Carlos, por uma noite apenas que fosse.

Ser Roberto, nesse sentido, é exercer a persistência, a superação, o crescimento pessoal constante, é ser um vencedor nato sem perder a simplicidade do coração, é reconhecer a energia essencial do amor e, ao mesmo tempo, saber fazer negócios em um mundo de negócios, é nascer numa família modesta para viver rico, aceito, reconhecido, amado... muitos são os brasileiros que compartilham tais ideais que o Rei encarna publicamente como ícone emblemático. Único em muitas gerações.

(Só mesmo o Rei do futebol, nosso Aquiles moderno, para sobrepujar-lhe o feito...)

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