Conceito

Ainda assim, dei sorte. Todos os arranjadores convidados (ou improvisados no estúdio) para aquela empreitada – Ney Velloso e Giovanni Bizzotto, além de Abi Ramia e Tiquinho – são excelentes músicos e me emprestaram largamente as suas sensibilidade e experiência para a maior parte do trabalho feito.

O que não deu certo, foi culpa minha.

E era até compreensível que a coisa não andasse, porque para mim era muito difícil, então, entender certos aspectos da produção fonográfica, pelo simples fato de que nunca havia encarado pra valer a idéia de produzir música industrialmente.

Compor é uma coisa, mas quando você entra em estúdio, independentemente de ter ou não uma gravadora por trás (êpa!), a coisa muda totalmente de figura. O meu processo de aprendizado é lento e eu custei para identificar o que dava errado naquilo tudo, apesar do bom nível dos trabalhos levantados pelos músicos e por cada um dos arranjadores.

Faltava unidade, descobri depois. Conceito. Para se propor ao ouvinte, em um trabalho, múltiplos caminhos é preciso fazer um recorte bastante preciso, compreensível e homogêneo (mesmo na diversidade) para que ele navegue por suas águas sem ficar à deriva ou ser tragado. Decididamente, não era o caso.

Agora, que escrevo aqui, parece simples, mesmo óbvio (e é!), mas, para mim, na minha nada santa ignorância, foram meses e meses elaborando o que tinha acontecido com aquele trabalho, onde estava o problema etc.

Eu estava com tanta dificuldade de entender o que fazia que a cada semana chegava ao estúdio com uma música nova para incluir na trilha, ora puxando-a para o samba, ora para o pop. E foi assim que nasceu o divertido estilo sambarnaldomirandapop! (Risos)

Como os caras (arranjadores e músicos) eram bons, fui acumulando uma quantidade interessante de material altamente aproveitável. E também de dívidas!...

Tive obrigatoriamente de dar um tempo em relação àquele imenso material processado (chegando mesmo a desistir de gravar a trilha da peça), mas persisti na determinação de produzir música, senão comercialmente, pelo menos de modo profissional. E o resultado disso foi o disco Flores da serra, que lancei em julho de 2011, mais puxado para o pop e com algumas nuances de MPB.

Lançado o Flores, fui examinar no Midstudio (que é uma espécie de fiel depositário da minha música gravada!) o que tinha de material e concluí que faltava menos da metade para fechar um disco de samba. O restante estava pelas cordas e vocais. E algumas madeiras e alguns metais que inventei depois. Claro!...

< Voltar

2024 © CIA DO AR. AÇÕES EM CULTURA  |   DESENVOLVIDO POR CRIWEB  |   POLÍTICA DE PRIVACIDADE