Dois anos antes, iniciara-se como aprendiz na redação de O Nova Friburgo, dirigido por seus irmãos Reginaldo Miranda (1944-1992) e Girlam Miranda (1947-1993) e Alberto Juliano De Jorge, passando de auxiliar administrativo a redator, nos quatro anos em que integrou a equipe do semanário da galeria São José, um dos mais influentes da cidade, na época.

Formou-se em Ciências Políticas e Sociais pela PUC do Rio de Janeiro, departamento então dirigido pela professora Miriam Limoeiro, nos extertores do regime militar (1980), quando, "num rasgo de voluntarismo militante", segundo ele próprio, muda-se para Bangu, distante e quente subúrbio carioca, para fundar e dirigir o Grupo Tafetá de Teatro, nas dependências do Colégio Bangu, com base nas teses do Teatro do Oprimido de Augusto Boal.

Duas vezes premiado no V Concurso Universitário de Dramaturgia, do Serviço Nacional de Teatro, com as peças "A Ópera Operária" (1978) e "A Fantasia dos Infelizes", com músicas de Fátima Guedes, esta editada em 1983. Ambos os textos resultaram de criações coletivas e pesquisas de campo dos integrantes do Grupo Tafetá – Adilson Gomes e Rosane Lessa, entre outros –, com posterior carpintaria teatral do autor.

Administrou o Teatro Sesc Meriti, no período de 1980-1985, quando, entre outros projetos de incentivo à produção local, participou da fundação da banda de música daquela cidade da Baixada Fluminense.

Lançou seu primeiro livro de poemas, Barreiras Alfandegárias para Sonhos Comuns, em setembro de 1985, no Circo Voador, Rio, com apresentação do professor Antonio Houaiss: "sua poesia é jovem, é forte, vigorosa e diz tudo de modo belo."

Como dramaturgo foi indicado para o Prêmio Mambembe por Hep&Heg, produção e direção de Ivan Merlino, com bonecos de Marcílio Barroco, que recebeu o Prêmio Ministério da Cultura como um dos cinco melhores espetáculos da temporada de 1987. A peça, em cartaz por mais de dois anos e assistida por mais de 100 mil espectadores, é considerada um dos grandes sucessos de crítica e público do teatro infantil brasileiro dos anos 1980.

Outros textos de sua autoria, na área do teatro para infância e juventude, já encenados em todo o Brasil: "Os Sonhos de Tom & Theo" (1983); "A Bailarina e o Mágico" (1988); e "Enquanto o Mundo Pega Fogo" (1993), adaptação do livro homônimo de Ruth Rocha.

Edita a antologia Os poetas da terra (1986), para o Sesc de Nova Friburgo, onde monta um amplo painel da poesia friburguense da década de 1980 com os principais nomes em atividade no município serrano.

Em 1993, cursa a especialização em História da Filosofia Moderna e Contemporânea, na UERJ, onde trava amizade com o filósofo Gerd Borheim (1929-2002) e a professora de filosofia Maria Helena Lisboa da Cunha.

Em 1994, realiza a última de suas três montagens de "Os sonhos de Tom & Theo", com Izabella Bicalho e Claudio Gabriel, e despede-se ali, na temporada do Teatro Glaucio Gill (Rio), da sua atuação teatral, depois de vinte anos.

Funda a Cia do Ar. ações em cultura, em 1997, instalada no bairro carioca do Grajaú, onde dedica-se à serigrafia e à produção em série de uma coleção de livros de pano voltada à educação para a saúde. Ao mesmo tempo em que buscava a sobrevivência fora do trabalho artístico, escreve suas únicas três novelas, da trilogia Aquarela carioca, e mantém a produção musical.

No ano 2000, é eleito Secretário Geral da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (SBAT), em chapa articulada pelo dramaturgo e escritor Alcione Araújo (1945-2012), com vista a recuperar a credibilidade da quase centenária instituição, abalada por dívidas e escândalos, o que o leva de volta ao meio artístico carioca.

Em 2001 transfere sua empresa para Nova Friburgo e edita "Uma leiga a serviço de idosos e enfermos", de Lilia Berbert de Miranda, em homenagem aos 80 anos de sua mãe, que falece meses antes da publicação.

No ano seguinte, abre as portas da GirlamEditores, selo editorial da Cia do Ar. ações em cultura, homenagem ao irmão escritor e jornalista, grande presença amorosa e intelectual na sua formação.

Entre 2003-2005, edita o caderno Atlântica intermídia de cultura e ideias. No mesmo período, produz, com Deise Clement, e apresenta o programa de televisão "Arnaldo Miranda Entrevista", série que reúne personalidades da cultura brasileira em belíssimas locações ao ar livre da Região Serrana do Rio, entre elas o teólogo Leonardo Boff e o jornalista político Luiz Antônio Villas-Boas Corrêa, que foi ao ao ar pela TV Focus, canal a cabo de Nova Friburgo.

Nesta série, realiza a última grande entrevista do médico e dramaturgo Pedro Bloch (1914-2004), o primeiro autor brasileiro a ser encenado na Broadway (EUA) e cuja peça "As mãos de Eurídice" detém o fantástico número de 800 mil representações mundiais em mais de 50 anos de carreira.

Em 2004, edita "Archeiro soneto canções e poemas de amor paixão e amizade" e, no ano seguinte, em edição por demanda, a Coleção Contraprova com dez dos seus principais títulos em prosa, verso e teatro (atualmente sendo convertidos para o formato eletrônico).

Em 2008, aos cinquenta anos de idade, reedita e atualiza "A caminhada de uma cidade livre", de Girlam Miranda, resumo histórico da formação e desenvolvimento de sua cidade natal e região. "O homem é o sangue, a terra, a gente", costuma repetir acerca da condição do poeta.

Produz seus dois primeiros videoclipes musicais: "No amor" (2009) e "Flores da serra" (2010), ambos com direção de Ilson Junior e fotografia de Sérgio Martins, seus parceiros desde o programa de entrevistas. Estabelece ali o conceito de 'videoclipe ficcional', modo pelo qual retoma a narrativa dramática no contexto da produção audiovisual, construindo enredos a partir das letras de suas canções.

Em 2009, ainda, com arranjos de Anderson Erthal, grava a peça pop-sinfônica "Nós que amamos a vida", com a participação de integrantes do coral infantil da Escola de Música da Rocinha (Rio), em homenagem aos profissionais da organização internacional Médicos Sem Fronteiras, cujo clipe também é dirigido e fotografado pela mesma dupla de realizadores dos dois primeiros.

Em 2011, no meses que se sucedem à tragédia ambiental na Região Serrana do Rio, lança o disco autoral Flores da serra, juntamente com o primeiro show, cujo palco divide com o baterista e percussionista Piter Toledo, além de convidados como a cantora Jozi Lucka, o compositor Giovanni Bizzotto e o violonista Rodrigo Garcia.

Outro acontecimento importante de 2011 foi a invenção do multilivro. Nesta invenção, o poeta e dramaturgo reúne-se, finalmente, como artista criador ao fundir em um único objeto a música, a narrativa dramática, por meio do audiovisual, e a produção editorial.
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Como cantor e compositor, em álbuns autorais, a música do Arnaldo oscila entre a sonoridade da música internacional, com predominância para o jazz e o pop-rock, sem abrir mão da substancial base harmônica da música brasileira, de onde ascenderam a bossa nova e outros gêneros de grande riqueza rítmica e percussiva apreciados em todo mundo.

Em abril de 2012, inaugura as novas instalações da Cia do Ar. ações em cultura, após a tragédia climática. Este ano, além do disco novo, "Archeiro", gravado por grandes nomes da música instrumental brasileira, incluindo arranjos do maestro Cristovão Bastos e a participação especial da cantora Marcela Mangabeira, marca a aproximação do poeta com o universo da dança. Matriculou-se nos cursos livres da Escola Angel Vianna (Rio) e ensaiou com o coreógrafo Márcio Cunha para sua primeira videodança, Amis de Chambre, ao lado da bailarina TaliaBedotti, gravada no mês de dezembro, no Teatro Municipal de Nova Friburgo, com direção e fotografia de seus parceiros habituais Ilson Junior e Sérgio Martins e com fotografia de Regina Lo Bianco.

ALM é membro do Conselho Municipal de Políticas Culturais da cidade de Nova Friburgo.

A inauguração dessa página virtual, projeto antigo, também é festejado por seus parceiros, amigos, fãs e colaboradores. Agora, um reticente Arnaldo Luis Miranda (quando se trata de divulgar a si mesmo e ao seu trabalho), encontra afinal na rede mundial de computadores um lugar confortável e adequado para que o público acesse livremente a sua obra e conheça um pouco de sua personalidade múltipla.

E, é claro, sua cabeça incendiária de arietino – é de 12 de abril como o humorista Chico Anysio (1931-2012) e o pianista Herbbie Hancock – já começa a engendrar "desdobramentos interativos", a Galeria do Ar., é o primeiro deles.

Outros certamente virão...

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