Os anos passam Os dias cedem Erros se aprofundam Imóvel sobre meu próprio insucesso Contemplo o fracasso como obra de arte Peco sob todos os sentidos Falho em todas as direções Nenhum projeto determinado Nenhum caminho definido Apenas, lufadas poéticas Tempestades de idéias avulsas Delírios bem-intencionados Que o tempo passado em vão Desautorizou Fez por recobrir de pátina Falta-me coragem para ser eu mesmo Ah? Falta-me também saber quem sou! E a resposta não se levanta de mim Por onde ir? Quem sou eu para produzir a concisão De uma época de esfacelamentos Se justamente caí de quatro Para assistir de pé ao meu próprio desmoronamento? Este abandonar a mim mesmo à pior sorte e à deriva Confinou-me ao vazio Quero salvar a pele do sonho Mas, estou demasiado tristonho Para ouvir meu assobio