Ah, a coragem que nos exige o amor

Ah, a coragem que no exige o amor...
Não o suposto amor por uma pessoa
Possessivo e egoísta
Mas, por todas as pessoas
O inimigo aí incluído
Este sem o qual não reconhecemos
A própria face ao espelho
Que, entretanto, não é ainda
O objeto último do amor
Que em nós se expande por todo o tempo
E que é o amor pela vida
Irremediável
Impagável
Sem preço ou recompensa
Ah, a coragem que nos exige este amor
Que a nós continuamente nos repensa
Enquanto estamos aqui, neste mundo
Distendidos em um segmento de reta
Entre dois túmulos
A coragem do silêncio
E a coragem da palavra
A coragem do gesto
Ou sua delicada recusa
A coragem dos olhos
Que ao nevoeiro divisam
O límpido horizonte
A coragem das mãos
Para deter a fúria que nasce da desordem
Ou desprender a ternura úmida
Do carinho de seus dedos
Mas, sobretudo, a coragem de sentir o amor
De permitir que lhe subam das entranhas
As águas mais profundas do ser
Para ali, com frescor incrível e incrível bem-estar
Beber seu sentido, sua essência
E, assim, realimentar o rio da vida que corre, célere
Rumo ao mar do esquecimento
Ah, a coragem que nos exige o amor
Para tocar, por fim, a paz dos próprios sentimentos...


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