mudo móveis de lugar retiro retratos da parede pinto portas troco trincos mas por todo canto tua presença paira vertiginosa, absoluta não é bem a casa que habitas é minha saudade que de ti se ocupa, sem cessar a buscar-te, inquieta, de onde te foste e que em vão procuro: em nada estás em tudo estás eis da morte o mistério permanente ausência presença eterna contudo, é de notar, tua voz em silêncio ecoa pela casa, ainda espero por ti na porta que não se abre sigo só, na paisagem nova teus frutos vicejam à luz da vida e neles meus olhos, saudosos, te buscam a infância que beija teu retrato amigos que diariamente te celebram eis todo o conforto saber-te tão amada nos céus da memória essa gente que não te esquece, ó mãe porque não te quer esquecer lembra-te com alegria o que me faz sorrir com lágrimas persistentes nos olhos...
aos poucos, porém, bem aos poucos os dias ensinam uma nova matéria lições do tempo impõem sua lógica natural e da casamata do coração, sobrevivente e por resignação, vai-se, igualmente aos poucos, aceitando o inelutável o inevitável destino comum dos homens sob o pó dos dias, resiste apenas a história que se não cansa de contar