Soneto (torto) dos exclusos

(para Fran)

 

a coisa mais terrível para o artista rejeitado
nem é tanto vagar sozinho por aí a esmo
difícil é que sendo pouco a pouco recusados
por fim não temos mais como ser nós mesmos

e tudo que sabemos e fazemos de melhor
vai-se transubstanciando em medo, em tédio, em dor
o mel da vida, o sal da terra, o vinho e seu sabor
resultam em veneno no que temos de pior

pois aquilo que somos é também o que nos somam
os nossos iguais e desiguais, mesmo os inimigos
e esse cara a cada dia mais estranho e torto

ele é em parte o resultado dos que não o amam
e muito pouco importa que ele esteja em paz consigo:
está condenado a ser outro e viver como um morto


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