25 de dezembro de 2022 às 00:00
Indiferente
vivo no limite da indiferença
que é a morte do amor e do cuidado
ali esqueço a vocação para o outro
ali resulto cínico, na fronteira
[de minha própria nulidade
vazio de entusiasmo
vou ao mundo por mim
por minhas faltas e desejos
jamais por seu apelo primal
e a nostalgia insaciável
[de uma vida alegre e sã
neste território árido, inóspito
[da indiferença
valho-me de objetos comprados
[e pessoas possuídas
para a compensação imediata
de vazios múltiplos, no coração
[e na alma
nunca estou
nunca sou
nunca dou
nunca posso ficar ou receber
vivo indo... para onde, não sei
porquê, também não
tenho apenas esta ânsia
[por companhia
e por companheira
[esta imensa solidão