Do contraste dos destinos
“Nem se acende a lâmpada e se coloca debaixo da cama, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa.” (Mt 5:15)
no céu noturno, uma estrela obstinada
desafia o negror da imensidão
partículas turvas e fragmentadas
servem-lhe o espúrio fel da objeção
condenam-lhe o luar do sentimento
por oposto ao que mais seja a vida útil
retém-na à solidão do isolamento
como fosse o brilho uma beleza inútil
rejeitam o contraste entre luz e sombra
não aceitam suas vidas na penumbra
e o ressentimento faz que vejam nela
apenas o desejo vão de exibir-se
mas, afinal, o que pode a estrela bela
senão brilhar, iluminar, consumir-se?