06 de junho de 2023 às 00:00
Platitude
Por vezes, esvai-se o sentido
Tudo se me parece vão, estulto
Esfuma-se o ânimo
Inútil intervir no mundo
A vida, ávida, escorre igualmente
[sem que minhas mãos juntem água da fonte
Tudo permanecerá o mesmo
Mudando sempre e sempre o mesmo igual
Repetição, indiferença
Por vezes, escasseia a alegria de viver
Viver em si mesmo caceteia, enfara,
[aborrece
A solidão e suas vestes frias
O tédio e seu roupão de cansaço
Como suportar a noite que cai sem companhia?
Estrelas que hesitam em prover seu brilho
Mesmo o universo, por vezes,
[parece condenado à sua falta de sentido:
Existir sempre, sempre existir
Duvido da factibilidade de ser eterno
(nada suportaria tamanha exaustão!)
E no entanto, estou certo,
bastava o entusiasmo sincero
por um rabo de saia ou
a intuição perversa de mais um poema
para superar a morbidez de tão extensa
[platitude
Anódino, encolho os ombros
E sigo na esteira dos dias