O galo da discórdia
por quantas vezes
eu o agredi com minha arrogância
por quantas vezes
duvidei que conversavas comigo
por quantas vezes
perdi, por inteiro, a esperança
e, ainda ali,
tu me davas um amigo
estas vozes defuntas
que cantam a canção da morte
são vozes de uma dor profunda
que as fazem, fracas, pensar que são fortes
são homens doendo por dentro
à falta do amor reconhecido
são estilhaços de si mesmos
que colam seus cacos de vidro
perdoa-nos a desconfiança
perdoa-nos a falta de fé
o homem é o que é:
o galo da discórdia
que implora misericórdia
ao onisciente