Chora Friburgo
chora Friburgo chora
deixa soprar o frio
as coisas que eu sinto
nessa hora são a oração
de um coração vazio
o Cão Sentado na vigília
me lembra dona Lília de plantão
a vigiar as quase filhas
namorando enroscadas no portão
os homens são essa matilha
mister tocá-los a cacete
senão - babau! - nas Furnas do Catete
a noiva perde o véu da ilusão
na praça o rei João Sapão
me lembra o Caledônia pela majestade
poetas são a encarnação
das pedras como contas da eternidade
mendigos, pois, do amor perfeito
mister ouvi-los com atenção
senão depois a dor que dói no peito
parece que não tem explicação
Friburgo está chorando
uma chuvinha fina
os ossos tiritando
na sombrinha são a tentação
de um coração vadio