Não é bem a ti que desejo
Ardendo desde as entranhas
Até os confins da alma
Onde a rejeição se ajeita, escondida
Mas, antes, a alucinação
Corrosiva, que desce goela abaixo
Como ácido sulfúrico, queimação
Estranha, dor voluntária
Em que persisto para conhecer
Meus próprios limites
- e a fantasia destes
O que desejo, de fato, é a improvável
Intenção de que me ames
E contemples a face
Para ti inexistente de meu rosto
O que sou para além da muralha de pedra
Fria, incontatável
Atrás do que, entorpecido, meu coração
Chora o ato contínuo de sua solidão indevassável
O desejo é apenas a fagulha
Que lançaria a mim em teu palheiro
Para o incêndio previsível
Onde arder todos os arrependimentos
As doações frustradas
Entregas não feitas
Flores desperdiçadas à primavera
O desejo é apenas um pedido
[clemente de afeto