15 de janeiro de 2024 às 16:00
Egoísmo e burrice
Não há sabedoria suficiente em meu coração para compreender o desprezo como a lança que o outro arremessa a mim em sua própria direção, pelo desejo mesmo de ver-se a si morto para o maior número de pessoas possível, vez que algo em si o convida à autodestruição.

De qualquer forma, se sabedoria não há, há a constatação de que somos piores com os outros quanto mais, igualmente, o somos com nós mesmos.

Não há o que fazer quando o ser humano de si se ausenta por qualquer motivo. É um momento de grande miséria moral e espiritual, porém, só resta a aceitação de que há momentos e momentos na vida e que o melhor é torcer para que haja ali conteúdos suficientes à reinvenção de toda a dor acumulada nestas tristes horas. Do contrário, podemos ser tentados à ajuda inútil diante do que precisa se resolver por sua própria liquidação.

Morrer também é bom, a despeito de reiteradas apologias da vida e do renascimento. Morrer é por vezes uma solução e tanto para o graveto que não se vê a si senão na fogueira ardente do seu destino.

Crepitar orgulhos, juízos, bondades, maldades. Arder por toda a eternidade, por toda a insanidade e, sobretudo, arder pela ilusão singela de que seria possível alcançar a felicidade em separado e a despeito do sofrimento alheio. Isto não é egoísmo. É burrice.

Ou, então, será preciso admitir que a longo prazo e no ambiente difuso do mundo o egoísmo em si é rematada tolice.




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