28 de fevereiro de 2024 às 00:00
Para conheceres o amor
Para conheceres o amor
Conhece antes a ti mesmo
Sem aceitar ilusões por respostas
Ou perguntas que apenas escondem
Para onde vais
Com que pressa
Por que motivos

Para conheceres o amor
Primeiro constrói tua fortaleza
De preferência, uma choupana
Ou à areia
Ou sobre a rocha
Tanto faz
A qualquer altura
O vento te apanha
Importa é que estejas em paz
Onde é tua aquela casa
Como a tua alma é tua
Definitiva e provisória morada

Para conheceres o amor
Afina o teu instrumento
Aponta o lápis
Afia a lâmina
Constrói o músculo
Acende a carne
São as tuas habilidades
Que habilitam o amor
Que em ti habita
Sem saber como sair

Para conheceres o amor
Segue sozinho pela estrada
Sem pensar na extensão da jornada
Ou em recompensa
Pensa, apenas, na estrada, passo a passo
Pelo prazer que tens ao caminhar

Para conheceres o amor
Lê os clássicos
Dentre estes, Cruz e Souza, por certo
Ouve os clássicos
Dentre estes, Beatles e Roberto
Vê os clássicos
Pollock é básico
Muito embora ali
O amor pareça borrado
Decifra o difícil
Interessa-te pelo que está oculto
Desde a epiderme do óbvio
Aos segredos de família dos ossos
Investiga o engano, o engodo
Observa a mentira e a ira
Em tudo pairam partículas da vida
Matéria-prima do amor necessário

Para conheceres o amor
Convém que fiques calado
Ao furor da algaravia
Convém que fiques distante
Das casas de loteria
Pois, se o amor é sorte e é graça
Diferentemente da morte
Que para todos passa sem fazer caso
O amor é a arte do encontro
Que faz coincidir, de pronto
A intenção e o acaso
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