11 de abril de 2024 às 00:00
Newton para cachorras
Queres chamar de amor a ilusão da luxúria
Seu torpor, seu suor a exalar perfumes
Queres me convencer de um amor sem ciúme
Que se resume ao pó de uma paixão espúria
E fazes parecer a ti, então, que o sexo
Vive da pele cresta, ardente, vil, telúrica
Como se fosse o gozo o pai de todo incesto
E a víbora carnal a mãe de toda fúria
Guarda tua ilusão para sofrer um dia
Quando murchar a flor da breve mocidade
Quando não mais houver, à luz da noite fria
Não mais que teu pesar a te pesar nos ossos
E tu caída ao chão, em prostração, destroços
A compreender, por fim, a lei da gravidade