15 de abril de 2024 às 00:00
Nas areias da contingência
construí nas areias da contingência
o abrigo incerto de meu coração
padeço para sempre desta urgência
de escorar o vento com as mãos
em casa de cômodos atulhados
perdeu-se de meu peito o coração
daqui para ali, vivo a tapar buracos
que, continuamente, se abrem ao chão
o futuro me chega já vencido
e vencido com ele o coração
por mais que busque construir sentido
o sentido me escapa da razão
de tal modo que hoje, aqui perdido
não sei mais o que fiz do coração
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