17 de maio de 2024 às 00:00
Dois ou três versos de Quintana ao poeta desconhecido

Vago pela casa,
Insone e sem lugar
Tal qual estou neste mundo

Em sua cama, uma mulher
Que é minha, abre-me seu coração
E pernas
Mas, estou mudo
De silêncios carregado
Vago no escuro,
Que em si já é bastante vago

Dois ou três versos de Quintana
Vão comigo, e eu prostrado
Descalço na brisa da noite,
Entre um troar e outro de automóvel

Quisera ser simples
Mas, isto não é nada fácil
Quando não se é funcionário público
Faltam-me uma alma tomada de calma
E algum dinheiro certo ao fim dos meses

Cultivo reses lunares
Vivo de expedientes diversos
E um ou outro verso que cultivo
Em meus cantares
Silêncio. Por quanto tempo mais
Suporto a solidão de ser o poeta desconhecido
À beira do túmulo aberto por meus pares?

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