06 de junho de 2024 às 00:00
Platitude
Por vezes, esvai-se o sentido
Tudo se me parece vão, estulto
Esfuma-se o ânimo
Inútil intervir no mundo
A vida, ávida, escorre igualmente
                   [sem que minhas mãos juntem água da fonte
Tudo permanecerá o mesmo
Mudando sempre e sempre o mesmo igual
Repetição, indiferença
Por vezes, escasseia a alegria de viver
Viver em si mesmo caceteia, enfara,
                   [aborrece
A solidão e suas vestes frias
O tédio e seu roupão de cansaço
Como suportar a noite que cai sem companhia?
Estrelas que hesitam em prover seu brilho
Mesmo o universo, por vezes,
                   [parece condenado à sua falta de sentido:
Existir sempre, sempre existir
Duvido da factibilidade de ser eterno
                   (nada suportaria tamanha exaustão!)

E no entanto, estou certo,
bastava o entusiasmo sincero
por um rabo de saia ou
a intuição perversa de mais um poema
para superar a morbidez de tão extensa
                   [platitude
Anódino, encolho os ombros
E sigo na esteira dos dias
© CIA DO AR. AÇÕES EM CULTURA 2024  |   DESENVOLVIDO POR CRIWEB  |   PROGRAMADOR LED LEMOS  |   POLÍTICA DE PRIVACIDADE