21 de setembro de 2024 às 00:00
Delitos
um verso ou outro,
que pecar tem seus encantos,
inda cometo
vez por outra
os deito pelos cantos
de minhalma
abandonada
ninho de sonetos
sem viva alma
deserto estéril
de desejos
já vencidos
um verso e outro
que me chegam, de repente
e tão subitamente
improváveis de ser lidos
ou deleitados
eu os deleto, deletérios,
obstinado;
objetivo como todo
cemitério;
emudecido,
encarcero-me na calada
ali habito um silêncio
retorcido
do que me puxam
um verso mais outro
- vindos do nada!
mas sem o outro
que antigamente me servia
de motivo;
ausente, vivo
como um morto
ausente o corpo
e seus delitos