01 de novembro de 2024 às 00:00
À sombra do poeta

(para Solano)

quisera ser de longe a sombra do poeta
para louvar a ti, meu jovem, lindo amigo;
no tesouro das palavras, outrora a Meca
onde, então, prostrava-me sobre o próprio umbigo,
havia de furtar, mão leve, uma pepita
brilhante qual os olhos do meu jovem antigo,
furtar para ofertar-te, ofegante, a lira
com que cantam os poetas os seus amigos;
porém, teu sol radiante dissipa sombras
e faz brilhar ao mar mesmo pérolas falsas
pelo que, em vão, almejo a luz que não alcanço;
súbito, uma emoção salta, vem em ondas
minhas palavras pobres vão a ti, descalças

apenas a dizer - amar-té é meu descanso.

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