05 de novembro de 2024 às 00:00
À mulher do suicida do prédio

(para Anna)


Tua dor me atravessa, ao longe
Com a fúria bruta das desgraças
Falta-me a coragem que as palavras comem
Para te oferecer as lágrimas
                        [de um rosto vizinho, apenas conhecido
Mas, creia, somos todos teus irmãos                        
                        [neste sofrimento...
Dói-me todo o corpo
                        [supor a tua dor:
Inimaginável, sem régua de cálculo que a messe
Tua dor, lição para que perdoemos a vida
                        [por suas falhas banais
Tua dor, descomunal
E, por incrível, comum à sina dos mortais
 

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