A língua portuguesaDuas outras situações enfatizaram essa observação sentida da importância do Brasil: o garçom que nos serviu no La Bisteca, Juan, estudava Português e procurava se exercitar conosco. Em Camenito, em um brechó em busca de vestidos possíveis para o figurino da videodança Amis de chambre que iríamos rodar dali há duas semanas no Teatro Municipal de Nova Friburgo, há doil mil quilômetros dos pampas argentinos, conheci Patrícia, ela falava um português, digamos divertidamente, escorreito, com alguns poucos tropeções notáveis à medida que a conversação avançava e uma intimidade com o idioma se fazia impor naturalmente. "Estou estudando Português e meu professor disse que vou muito bem, que meu único problema é que gosto de inventar palavras." Bom sinal, Patrícia, todos os brasileiros fazem a mesma coisa. Rimos. "Sabe que meu professor me disse isso?" E assim, com seu bom português, ela acabou me convencendo a levar duas peças, um vestido preto brilhoso (ai nós aí, Patrícia!) próprio para tango e um de veludo vinho curtinho que caíram como uma luva em Talia, nossa bailarina convidada, e foram amplamente aprovados por todos, desde o figurinista até o diretor. Um sucesso. Outra coisa de se notar é que Buenos Aires se parece uma cidade em tudo adequada para quem esteja produzindo uma peça de teatro ou um audiovisual, tamanha a quantidade de brechós e antiquários com peças interessantes, de boa qualidade, versáteis e bons preços, pelo menos no momento daquela primeira visita... |
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