Primeiras impressões

Uma coisa é você perder um teatro para uma livraria. Outra, bem diferente, é perder dois cinemas, um para uma farmácia e outro para uma igreja. A primeira situação, aconteceu em Buenos Aires. A segunda, no Rio de Janeiro.

As comparações, embora fonte de conhecimento, não ajudam muito quando precisamos penetrar a dinâmica própria de cada situação e, a partir daí, buscar sua própria compreensão. De qualquer forma, certas coisas saltam aos olhos quando vemos como o vizinho resolve (ou cria) os seus problemas. Isto, se vemos.

Ver, por si só, já é um privilégio (que pode e deve ser de muitos). Ver é uma dádiva. Da cultura, do conhecimento, da consciência desperta, da abertura pessoal, do senso de auto-crítica, mesmo do crescimento social de uma povo. Trata-se de enorme limitação estar fechado em si mesmo como sua própria e única opção de vida. Daí as comparações, as trocas de experiências, os intercâmbios e tudo que faz do ser humano um organismo plástico em busca de adaptações e mudanças constantes.

E o que vi ao chegar pela primeira vez a mi Buenos Aires querida foi um regalo para mi ojos, que esplêndido! Mi primeira visión, da escotilha minúscula do avião, ainda mais sentado que estava na fileira do corredor, à cauda da aeronave, mostrou-me uma planície imensa, imersa em ampla vegetação, e uma ciudad que se derrama horizontalmente até às bordas do horizonte, com muchas áreas em branco, sin habitación. Eram os pampas vistos pela primeira vez do lado argentino. Já gostei daquilo.

Em terra, não foi diferente a impressão que tive. O espaço exerce um papel importante na minha disposição psicológica, e um lugar assim, de ruas largas e longas avenidas, me proporciona um sentimento de amplidão que traz conforto às minhas relações com o mundo. Eu viveria aqui.

Do Ezeiza, o aeroporto, ao centro da cidade, seis pistas de uma longa e reta autopista facilitavam o fluxo nos dois sentidos. Às margens, a vegetação que vi lá de cima espalhava-se de ambos os lados com belas árvores pontuando um extenso gramado. Vem a ser um lugar, pude constatar na volta, onde as famílias aos domingos sobem com seus carros, estacionam sob a sombra das grandes frondes, o capô aberto, e armam seus piqueniques. Pais e filhos jogam bola em um país que tem uma das melhores escolas de futebol do mundo.

Fez calor em minha primeira visita de dois dias. Céu limpo.

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