Café Torttoni |
Há outros, como o Café Torttoni, por exemplo. 154 anos de existência. Lugar de Borges e outros intelectuais portenhos e visitantes de todo o mundo. Dois palcos de tango em seu interior, um deles ao subsolo, como parece ser o hábito por ali. Frenético Torttoni, entra e sai. E aquele atendimento típico dos grandes cafés, com garçons que parecem ter descoberto na profissão a sua verdadeira vocação humana, o que não é nada fácil. Lidar com o público exige perícia, tato, eu diria, dom. Não é para amadores, não basta estar aflito por um emprego e receber a oferta de uma vaga de garçom. Nem todo mundo pode aceitar. Exige manha, traquejo. A turma do Café Torttoni parece saber do que se trata. Estamos falando de cordialidade cosmopolita, algo que Rio e São Paulo também esbanjam, e traz grande satisfação ao visitante e mesmo também ao anfitrião. De fato, a ideia de cidade como nós a concebemos desde o fim da Idade Media tem a ver com a nossa própria capacidade de tratar bem ao estranho e ao estrangeiro e reconhecê-los ambos como pessoas bastante semelhantes ao que somos, embora radicalmente diferentes em muitos aspectos triviais. |