Os deros

O curioso é que todos esses números e conquistas invejáveis, em meio às vicissitudes e intempéries da economia global, não fazem do friburguense um vencedor inato (como deveria ser) nem lhe inspiram uma atitude de franco e ensolarado otimismo diante da vida, ao contrário, a cidade arrasta-se em nubladas lamentações e pessimismos que mereceriam a construção de um muro alto onde enfiar bilhetes com súplicas e reclames, apesar da rarefeita presença judaica.

A melhor explicação que ouvi a respeito dessa, digamos, singular característica que faz do paraíso que de fato é Friburgo, uma terra de quem seus habitantes tanto reclamam, quem deu foi uma namorada de juventude, cujo pai alugava uma casa em Mury, bairro magnífico até hoje, para onde vinha sua grande família de Niterói, durante as férias.

Explicou-me ela, sem nenhum assombro e com naturalidade extrema, que nos subterrâneos da cidade há um povo, os Deros, que se alimenta da energia que sugam do povo da superfície, o que explicaria nossa tendência à letargia, à depressão e à melancolia. Eu me identifiquei logo!

Sempre achei a explicação saborosa e, sob certos aspectos, muito razoável. Essa cidade reúne condições excelentes para a realização, a felicidade e o sucesso. Se tal não acontece na proporção que desejaríamos, por certo que uma causa esotérica o explica: são... os Deros!!!

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